terça-feira, 29 de maio de 2012

Os Paradigmas da Educação...


Eis um excelente trabalho, de Mário Osório Marques..., acerca da necessidade de se reconstruir a educação  para uma possível mudança no eixo social... Segue mais informações sobre o autor retirado da Wikipédia: “Era formado em Filosofia, pós-graduado em Teologia, doutor em Educação, educador, sociólogo, pedagogo. Integrou, desde o início, o quadro docente da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), de cuja construção foi o artífice maior”.

... “À medida mesmo que a educação se faz mola mestra e propulsora das sociedades  contemporâneas, mais necessário se torna repensá-la radicalmente e para além do que revelam as ideias claras e distintas, ao estilo cartesiano. Trata-se de repensar o próprio pensamento no que tem ele de impensado, nos seus pressupostos mais esconsos. Para além, ou para mais fundo do que costumamos denominar pressupostos filosóficos, científicos ou técnicos, para além dos modelos e teorias que decididamente esposamos, torna-se imperioso repensar a educação nos seus paradigmas, entendidos estes como as estruturas mais gerais e radicais do pensamento e da ação educativa.

Colocamos aqui a questão dos paradigmas não apenas no âmbito da evolução das ciências singulares ou de setores da atividade humana, mas no sentido abrangente de toda ação humana e de todo conhecer em seus eixos de mudanças mais radicais, não estritas, esporádicas ou parciais. E a colocamos, ao mesmo passo, sob o signo da permanente reconstrução histórica em que os paradigmas não se sucedem apenas, mas se interpenetram e permanecem na novidade de nova estruturação na cultura e nas cabeças, necessitados de se distinguirem para sabermos qual deles nos comanda.

Segundo Edgar Morin (1987, p.24), "o nosso pensamento deve investir o impensado que o comanda e o controla. Servimo-nos de nossa estrutura de pensamento para pensar. Teremos ainda de servir-nos de nosso pensamento para repensar a nossa estrutura de pensamento. O nosso pensamento deve regressar às origens, num anel interrogativo e crítico. Senão a estrutura morta continuará a destilar pensamentos petrificantes...  

Descobri como é vão lutar apenas contra o erro, pois este renasce incessantemente de princípios de pensamento não abrangidos pela consciência polémica. Compreendi como era vão provar apenas ao nível do fenómeno: a sua mensagem é reabsorvida rapidamente nos mecanismos de esquecimento relativos à autodefesa do sistema de ideias ameaçado.

Compreendi que não havia esperança na simples refutação: só um novo fundamento pode arruinar o antigo. Por isso, penso que o problema crucial é o do princípio organizador do conhecimento, e que o que é vital hoje não é apenas aprender, não é apenas reaprender, mas sim reorganizar o nosso sistema mental para reaprender a aprender".

Neste mesmo sentido — e é necessário nele insistir —, afirma Ortega y Gasset (1972, p.65-66) que na obra de Kant estão contidos os segredos da época moderna, mas lamenta: "O mundo intelectual está repleto de gentis-homens burgueses que são kantianos sem sabê-lo, kantianos fora de tempo, que nunca lograrão deixar de sê-lo porque nunca o foram conscientemente.

Como toda ação humana, a ação educativa necessita, dessa forma, tematizar, isto é, erigir em explícita questão de reflexão e discussão, os paradigmas recônditos e, por isso, necessitados de reexame, como base do esclarecimento e da práxis política, vale dizer, gerada e articulada em ampla publicidade crítica.

Reconstruir a educação que responda às exigências dos tempos atuais não significa o abandono do passado, o esquecimento da tradição, mas uma releitura dela à luz do presente que temos e do futuro que queremos, uma hermenêutica que parta do pressuposto de que nenhuma tradição se esgota em si mesma, bem como nenhuma é dona original de seu próprio sentido. Requer a dialética da história que se superem os caminhos andados, mas refazendo-os.

Reconstruir não significa ignorar o passado que, na cultura e em cada homem, continua presente e ativo, vivo e operante, mas impõe que nele penetrem e atuem novas formas que o transformem e o introduzam na novidade de outro momento histórico e outros lugares sociais”... Para uma leitura completa do artigo: aqui...

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