segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Por uma Educação Humanizadora...

Estava lá, eu, vasculhando antigas leituras sobre a pedagogia moderna, quando me deparei com um excelente artigo (numa apostilha) do educador e sociólogo: Mário Osório, “Os Paradigmas da Educação”, neste artigo ele apresenta passos minuciosos que norteiam perfeitamente uma nova pedagogia, só não compreendo por que nada muda na ação educativa... 

Percebi, através deste artigo, que nós seres (supostamente humanos) somos mesmo alienados e regulados pelo inconsciente e suas pulsões – por isso somos dominados e explorados; porquanto constantemente estamos repetindo erros de uma tradição que o fazer civilizatório selvagem processou, assim repetimos os mesmos erros numa prática de educação ultrapassada... Creio que nos permitimos se deixar regular pelo inconsciente e suas pulsões por mero comodismo, principalmente; já que ser os burgueses kantianos, dos quais o artigo fala, é bem mais confortável... Eu, como sonho com um novo mundo vivo na sofreguidão do desconfortável... 

Mas, precisamos romper com esse condicionamento e o paradigma tradicional da educação arcaica e autoritária, pois ela foi fundamentada no princípio da servidão e da obediência, ainda na imitação de um anônimo coletivo (o participativo que não existe) que inviabiliza qualquer tentativa de uma nova prática democrática na educação e suas ações do processo educativo.... Aqui vai a sugestão de leitura de Mário Osório enfatizando a necessidade de mudanças de paradigma nas práticas educacionais:

... “Descobri como é vão lutar apenas contra o erro, pois este renasce incessantemente de princípios de pensamentos não abrangidos pela consciência polêmica. Compreendi como era vão provar apenas no nível do fenômeno: a sua mensagem é rapidamente reabsorvida nos mecanismos de esquecimento relativos à autodefesa do sistema de ideais ameaçados. Compreendi que não havia esperança na simples refutação: só um novo fundamento pode arruinar o antigo”... 

Portanto, de acordo também com a LDB a educação deve exercer um papel humanizador e socializador, além de desenvolver habilidades que permitam valores necessários à conquista da cidadania plena, respeitadora da individualidade e libertadora: aquela que humaniza o ser e lhe oferece condições de autonomia psicológica e coletiva... Diante desta proposta nobre, para nortear a prática educativa, devemos, então, ainda de acordo com Mário Osório Marques: 

A - abrir espaços de valorização das vivências do outro e suas experiências inovadoras, como momentos de aprendizagem;

B - ouvir, acolher e defender a pluralidade das vozes e das formas de SER;

C - cultivar a afetividade, tornando a educação uma prática de ser feliz; 

D - instituir a cultura do querer fazer, no lugar do deve fazer; 

E - garantir a coerência entre o falar, o fazer e o SER;

F - agir com suavidade nos modos e firmeza na ação: praticando, dessa forma, a tolerância com as pessoas e a intransigência com os maus princípios e falsos valores. 

Enfim, diante de tantas sugestões de mudanças educacionais é delicado perceber que na prática as intransigências do ensino é uma constante, por isso é difícil ter que tolerar todas as faltas de critérios da atual educação escolar, visando ao paradigma que apenas fundamenta a construção da imagem, da obediência, do medo, da dependência: critérios estes que não proporcionam, em nenhum aspecto, a felicidade mediante a proposta acima elencada por Mário Osório... 

Assim como é intolerável também a falta de respeito de certas equipes gestoras, coordenadora dos programas de educação no Acre, que somente visam o marketing das ações governamentais... Será que a ordem é obedecer ao Governo ou respeitá-lo perante suas políticas públicas que atendem as demandas sócio-educacionais?... Eu afastei-me da educação escolar, porém estarei sempre presente com as minhas responsabilidades, bem como meu compromisso para com uma educação mais humanizadora.

Para uma melhor conclusão deixo-vos mais uns trechos das nobres palavras de Mário Osório: “Por isso, penso que o problema crucial é o do princípio organizador do conhecimento, e que o que é vital hoje não é apenas aprender, não é apenas reaprender, mas sim reorganizar o nosso sistema mental para reaprender a aprender... Pois o mundo intelectual está repleto de gentis-homens burgueses que são kantianos sem sabê-lo, kantianos fora de tempo, que nunca lograrão deixar de sê-lo porque nunca o foram conscientemente ativos...
Como toda ação humana, a ação educativa necessita, dessa forma, tematizar, isto é, erigir em explícita questão de reflexão e discussão, os paradigmas recônditos e, por isso, necessitados de reexame, como base do esclarecimento e da práxis política, vale dizer, gerada e articulada em ampla publicidade crítica.

Reconstruir a educação que responda às exigências dos tempos atuais não significa o abandono do passado, o esquecimento da tradição, mas uma releitura dela à luz do presente que temos e do futuro que queremos, uma hermenêutica que parta do pressuposto de que nenhuma tradição se esgota em si mesma, bem como nenhuma é dona original de seu próprio sentido. Requer a dialética da história que se superem os caminhos andados, mas refazendo-os”...

(MARQUES, Mário Osório. Os Paradigmas da Educação. RBEP. Brasília, MEC/INEP. set/dez. 1992.
)